#014 Anbima lança piloto de tokenização
Na superfície, nada mudou: bancos seguem operando, reguladores seguem regulando e o usuário médio ainda não “sente” o futuro das finanças. Mas nos bastidores, onde a infraestrutura de fato se move, esta semana trouxe sinais inequívocos de que a virada deixou de ser PowerPoint. A ANBIMA puxa um piloto de tokenização com governança de mercado, Wall Street normaliza cripto como colateral e as stablecoins se consolidam como encanamento de liquidação corporativa. A pergunta para quem está em banco não é “se”, mas em que camada vamos jogar.
ANBIMA: piloto de tokenização de fundos e debêntures
A ANBIMA anunciou o projeto-piloto de uma rede DLT padronizada e interoperável para emissão/negociação de cotas de fundos e debêntures, em evento de apresentação que ocorreu no dia 24/10. O piloto nasce na Rede ANBIMA de Inovação e mira eficiência operacional, integração e aprendizagem “mão na massa” junto ao mercado. O passo que faltava entre POCs isoladas e escala setorial.
JPMorgan: cripto como garantia elegível
A Bloomberg (via CoinDesk/Decrypt) cravou que o JPMorgan planeja permitir BTC/ETH como colateral para empréstimos de clientes institucionais até o fim do ano, sob modelo com custódia terceirizada. Tradução para bancário: menos ideologia, mais modelagem de risco, haircuts e liquidação 24/7 — e um efeito manada provável entre grandes bancos.
Citi: a próxima perna de crescimento vem das stablecoins
Relatório do Citi aponta que as stablecoins devem impulsionar a próxima fase do mercado cripto, elevando o uso como “cola” transacional entre redes e instituições, com ganhos visíveis para Ethereum (ainda que emissores próprios possam disputar o tráfego no futuro). Implicação prática: tesourarias e pagamentos cross-border ganham um trilho de liquidação quase instantâneo, desde que a casa esteja arrumada em KYC e segregação de reservas.
Afterburner: pagamentos com stablecoins decolam
Levantamentos recentes indicam salto de ~70% no volume de pagamentos com stablecoins após o marco regulatório dos EUA (GENIUS Act), superando US$ 10 bi/mês em agosto e com B2B liderando valor médio por transação. O recado ao mercado tradicional é claro: stablecoin saiu do nicho de exchange e virou infra de liquidação corporativa.
Links e Fontes
Valor Econômico: Anbima começa piloto de ‘tokenização’ de fundos
Bloomberg: JPMorgan permitirá BTC/ETH como colateral
Coindesk: Citi prevê que stablecoins vão puxar a próxima fase
Pymnts: Pagamentos com stablecoins crescem ~70% pós-regulação
E agora?
Tokenização não é tendência é reconstrução de processo. Para times de produto, risco e operações, o trabalho imediato é menos “qual blockchain?” e mais custódia e segregação, reconciliação multi-sistemas, trilhas de auditoria e interoperabilidade com o que já existe (fund admin, distribuição, clearing, COAF). Quanto antes colocarmos as mãos no fluxo real, menor o custo da curva quando a régua subir.
Se você atua em banco, infraestrutura de mercado ou regulação, a pergunta útil é: em que camada eu quero estar quando isso escalar? Compartilhe esta edição com quem ainda acha que blockchain é só cripto.
